terça-feira, 7 de maio de 2013

CÁLCULO MENTAL

No ambiente escolar, o cálculo mental ainda não é tão valorizado quanto a conta armada. No entanto, um raciocínio que pode parecer desorganizado, na verdade, pode estar apoiado em propriedades das operações e do sistema de numeração e deve ser incentivado já nas séries iniciais.

Durante muito tempo, se acreditou que a economia de etapas e a rapidez na resolução de problemas fossem os objetivos máximos a serem alcançados na disciplina de Matemática. Nesse sentido, ensinar algoritmos para fazer contas parecia ser o mais indicado. Se por um lado o uso de fórmulas permite organizar o raciocínio, registrá-lo, lê-lo e chegar à resposta exata, por outro, fixa o aprendizado somente nessa estratégia e leva o estudante a conhecer apenas uma prática cada vez menos usada e, pior, a realizá-la de modo automático, sem entender exatamente o que está fazendo.


Já fazer contas de cabeça sempre foi considerado uma prática inadequada. Porém, para saber quanto vai gastar na cantina ou somar os pontos dos campeonatos esportivos, o estudante não usa o algoritmo: sem lápis e papel, ele faz aproximações, decompõe e aproxima números e alcança o resultado com bastante segurança. Além de ser um procedimento ágil, ele permite à criança ser ativa e criativa na escolha dos caminhos para chegar ao valor final.


"Os primeiros contatos com o cálculo mental costumam acontecer no convívio com outros adultos, quando as crianças incorporam certas técnicas usadas por eles. Na escola, ele precisa ser sistematizado e valorizado como uma estratégia eficiente para fazer contas", explica Maria Cecília Fantinato, formadora de professores em Educação Matemática na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Para garantir o sucesso dessa forma de calcular, é imprescindível que a turma saiba de memória alguns resultados de contas simples - como o dobro, o triplo, a metade e outras adições, subtrações, multiplicações e divisões.

Fonte: Revista NOVA ESCOLA

sábado, 4 de maio de 2013

Livros: A CRIANÇA E O NÚMERO (de Constance Kamii) e AS SEIS ETAPAS DO PROCESSO DA APRENDIZAGEM (de Dienes)

Olá pessoal!

Hoje vamos expor um pouco das técnicas de ensino adotadas por estes dois autores em suas respectivas obras. Sugerimos a leitura deles, pois ajudam a entender melhor como funciona o processo de "aprender"!!!


LIVRO: A CRIANÇA E O NÚMERO (Constance Kamii)
Em seu livro - A criança e o número, Constance Kamii propõe-se a responder dúvidas referentes à aplicação da pesquisa e da teoria de Piaget no ensino do número. Quatro tópicos organizam o enfoque proposto pela autora:
1) A natureza do número
Para Piaget, os conhecimentos diferenciam-se, considerando suas fontes básicas e o modo de estruturação, em três tipos: conhecimento físico, lógico-matemático e social (convencional). “O número é uma relação criada mentalmente por cada indivíduo.”
Segundo Piaget, existem dois tipos de abstração: a empírica (ou simples) que consiste em focalizar uma certa propriedade do objeto e ignorar as outras; e a abstração reflexiva que envolve a construção de relações entre os objetos. A abstração reflexiva é uma construção realizada pela mente e usada para construir o conceito de número.
A estrutura lógico-matemática do número é construída através da criação e coordenação de relações e não pode ser ensinada diretamente porque a criança tem que construí-la por si mesma.
2) Objetivos para “ensinar” número
Sendo o conceito de número uma construção interna de relações, é preciso estimular, nas crianças, a autonomia para estabelecer entre os objetos, fatos e situações todos os tipos possíveis de relação.
Assim, o conceito de número não pode ser “ensinado” às crianças pela via da apresentação e repetição desse conceito pelo professor. É preciso que as crianças construam estruturas mentais para entender esse conceito.

3) Princípios de ensino
a) A criação de todos os tipos de relações.
O educador deve encorajar a criança a estar alerta e colocar todos os tipos de objetos, eventos e ações em todas as espécies de relações possíveis.
b
) A quantificação de objetos.
Pensar sobre número e quantidades de objetos em situações que sejam significativas para elas;
Quantificar objetos logicamente e comparar conjuntos;
Fazer conjuntos com objetos móveis.
c) Interação social com os colegas e os professores.
O educador deve imaginar como é que a criança está pensando e intervir de acordo com o que parece estar sucedendo em sua cabeça. Mais do que corrigir a resposta dada pela criança, o professor deve tentar reconstituir o seu raciocínio para entender a base do “erro”.
4) Situações escolares que o professor pode usar para “ensinar” número
·         Vida diária
Durante a sua rotina cotidiana, a professora pode transferir algumas responsabilidades para a criança.
·         Jogos com alvos
·         Jogos de esconder
·         Corridas e brincadeiras de pegar
·         Jogo de adivinhação
·         Jogos de tabuleiros
·         Jogos de Baralho
Na obra a autora aborda ainda sobre autonomia.
LIVRO: AS SEIS ETAPAS DO PROCESSO DA APRENDIZAGEM (Dienes)
Em seu livro As seis etapas do processo de aprendizagem em matemática, Dienes faz uma análise sobre o processo de abstração distinguindo seis etapas diferentes.

1º etapa: A influência do meio
Aprender significa mudança de comportamento em relação a determinado meio, isto é, crianças ou indivíduos, ao adaptarem-se a um meio tornam-se capazes de dominarem as situações que lhes são apresentadas por esse ambiente.
A essa adaptação inicial, Dienes chama de fase do jogo livre.

2º etapa: A percepção de restrições
Quando a criança percebe regularidade impostas à situação, coisas que não pode fazer, condições às quais é preciso satisfazer antes de atingir determinados objetivos, nesse momento, estará apta para lidar com as restrições que lhe forem artificialmente impostas. Essas restrições são "as regras do jogo".

3º etapa: O jogo do "isomorfismo"
A criança ao "brincar" com jogos que possuam a mesma estrutura, mas apresentam aspectos diferentes, descobre os laços de natureza abstrata existentes entre os elementos de um jogo e os elementos de outro jogo. Nesse momento perceberá o que é "semelhante" ou "diferente" nos diversos jogos que praticou e realizará uma "abstração".

4º etapa: A representação
Antes de tomar plena consciência de uma abstração a criança tem necessidade de um processo de representação. Tal representação lhe permitirá falar daquilo que abstraiu, olhar de fora, examinar os jogos e refletir a respeito deles.

5º etapa: Descrição de uma representação
Neste nível de abstração, a criança será capaz de olhando uma representação, que pode estar na forma de gráfico, tabela, diagrama ou fórmula, tirar dela algumas propriedades. Para descrever essa representação há necessidade de uma linguagem.

6º etapa: Demonstração, compreensão das propriedades e/ou reconstrução de fórmulas.
A maior parte das estruturas matemáticas é de tal forma complexa que possui um número enorme de propriedades. Torna-se necessário um método para chegar a certas partes da descrição, a partir de um dado ponto de partida. Esses métodos servirão para encontrar outras partes da descrição e, são as regras do jogo de demonstração.
A abordagem de noções matemáticas na faixa de 0 a 6 anos deve ser feita em forma de brincadeiras e jogos de construção e/ou de regras. As cantigas, os quebra-cabeças, os dados de diferentes tipos, os jogos de encaixe, os jogos de carta, as brincadeiras de pátio são exemplos disso.